quarta-feira, setembro 27, 2006

Amado Rei,

Sim, mesmo hoje, dia tão importante para vossa majestade tenho a audácia de depositar uma carta selada em uma caixa de correio real, esperando por ser aberta! Sua amada hoje chega e apesar de certas peripécias a ti apresentadas, tudo no fim se torna começo.
Eu também desejo vê-la, mas por ora tranco-me em meu casebre e libero todo este reino para os dois.

O momento que vivo não sei ao certo descrever. A vida me parece como filme e a trilha sonora é sempre composta por melodias tristes e letras engraçadas. O tipo de canção que te fazem rir da própria desgraça, ficar absolutamente sem opinião sobre qualquer coisa ou... ter esperança.
Minhas andanças embora constantes forçam-me a diminuir o passo. Chego a ponto de cessar movimento e deparar-me com um cenário completamente desconhecido, desértico. Não, não penses que estou aqui a me lamentar. Você mesmo sabe o quão bela é a solidão! Tudo tem um tom de cinza escarlate, se isso possível for.

E quantos simbolismos caminham junto a nós, não é mesmo? Textos, imagens, canções..um pedacinho meu ali, um cheiro seu acolá. Esse onibus, aquele banco, mesinhas de bar, então!, quantas historias a contar(e contamos) sobre elas! Há sempre algo a perdurar a companhia, voluntária e involuntariamente. A gente tende a se imortalizar.

Tenho feito muitos calendários, agendas e planejamentos. Tudo está organizado como nunca! Acho que assim crio uma desculpa pro meu ócio. Meus momentos de diversão são muito mais divertidos, pois me forço a acreditar que são merecidos. As tarefas, sempre tão pequenas, são realizadas sem esforço e logo estou eu a dar tapas em minhas próprias costas contemplando minhas realizações. Ué, aconselham-nos a ter orgulho de nós mesmos, cultivar o amor próprio e lutar passo a passo em prol de um bem maior... "de grão em grão a galinha enche o papo", dizem...
Ora, não penses que sou burra a ponto de enganar a mim mesma! A verdade é de vez em quando gosto de testar meu lado fraco pra ver se mais fraca fico ainda. Aquela famosa auto-sabotagem.
Mas ao menos tenho consciência!!! Uffa...!

Não penses mais em sua realeza. Vossa Majestade disserta sobre o peso da coroa em seus cabelos, mas a primeira tarefa real que exercita (ainda pela manhã) é coloca-la e admirar sua beleza. Obter a realeza é algo que independe de nós, tens razão. Mas fazer desta um fardo é questão de múltipla escolha.

Com felicitações pelo futuro,

Teresa.


*Peça a esta amada sua que me convide para trotear por esses reinos, qualquer dia.

terça-feira, setembro 26, 2006

Santíssima,

Sabia que desta oferta eu não poderia fugir por mais tempo.Trabalhar com imagens e tentar delas tirar algum significado, algo que não tenha ainda sido dito em tanta cor e textura foi realmente dificil.Selecionar entre mil, poucas que fizessem sentido, mostrassem o quao bom é lhe ter ao lado, rindo, chorando, comendo e em momentos de pura constatação libidinosa.Fico feliz por ter gostado deste hulmilde presente.Saiba ao todo que foi de coração e feito a mão, com demasiado suor, por mim, sua majestade.

Ora, mais se passamos por momentos não é memo?Encontro-me completamente angustiado e com medo.Um medo que nao tem sentido e nem se mostra a todo momentos.Mais é que ainda é tão ruim saber que nao possuo o controle de tudo e todos.É tão ruim ser Rei, ordenar tudo com a maior e melhor dedicaçao, para no fim ver seu cansaço jogado fora.A minha amada chega amanha e nem mesmo pode-la buscar na porta do Reino vou poder.Existem muitos afazeres que predem por aqui, dentro deste castelo.Vivo uma vida que não é minha e a cada dia que passa sonho por liberdade, menos afazeres e mais amor.Muito amor, pois deste... Estou precisando ser regado.Ela vai passar suas primeiras horas em terras nossas sem me ver.Acabo de receber a noticia que tambem almoçará com parentes, os senhores da corte visinha.Sao tantos os compromissos do mundo de hoje que até adiar para um beijo é necessario olhar a "agenda"

E ainda, Theresa, tens coragem de me dizer para não ligar para as pequenas coisas.Ora como sei que estas certa.Tão correta que não consigo levar o conselho para minha a vida adentro e po-lo em pratica.Tao dificil é lidar com os problemas.Pensar, pensar, pensar, pensar... Para quem sabe alcança a tao desejada vaga diplomatica.Deixar de ser Rei e sair pelo mundo a cantar, ouvir cada soar de sino, ajudar os passaros a abrir a conrtina da primavera e em seu palco interpretar.Viver vidas que nao sao minhas, lhe ter ali sentada... olhando anciosa para os aplausos finais... É tudo isso quero e por isso, por minha amada e por voce santa, que nao me desfaço das coisas e deixo o mundo a cavalgadas.

Tenho tao pouco tempo que o tempo ja começas a me devorar.Os criados me gritam a todo momento e, as vezes, chego a pensar em elaborar uma lei proibindo de pronunciar o nome do Rei em pequenos intervalos de hora.Ah!Devaneios... Penso que nao ando bem da bola.

Vou aos afazeres, pois muito tenho que rezar para a noite passar, para que a manha de amanha nao existe e que a tardinha chegue mais rapido do que a luz.

Sua Majestade,

Rei de Ouros

quarta-feira, setembro 20, 2006

Amado Rei,

Não tens idéia do que me provocou o presente dado por ti. Ver-nos estampados nos pilares de minha morada, não só momentos, mas tanto sentimento registrado para o sempre em forma de imagens, me felicita mais do que qualquer outro.

A sua ausência, não pense que não foi sentida, mas muito mais compreendida do que imaginas. O tempo, flexível como só ele, nos prega muitas peças, mas nos dá uma certeza: é a esperança de tudo mudar. È claro que muitas das circunstancias dispostas ao tempo, hão de prolongar-se pelo sempre e uma dessas, espero, seja nossos correios, assim como o ‘nós’ derivante a ele.

Ah, esta sua amada faz sim, uma falta incomparável. Embora esse tempo, que nos tem sido aliado, de uma rapidez constante, também não posso negar que tenha nos feito bem tamanha saudade. Pudemos relembrar o quão bonito é esse reinado que juntos construímos e todas essas mudanças que a vida nos fez preservar. É emocionante ver as flores que plantamos juntas às pegadas dela, fofas na terra dos amores nossos.

Agradeço-lhe por ser este que tento e não quero mudar. Confesso que passei por fases onde pensei que minha estadia neste reino estivesse no fim, não digo isto da minha amizade por vossa majestade, é claro que não!Mas da vontade de desistir do dito perfeito. A verdade, e agora a vejo, é que este o lugar mais seguro e aconchegante que posso encontrar. Aqui, o abraço é meu consolo preferido. Aqui, converso com as flores e o vento guia meus passos. Aqui o tenho, e tens a mim, e temos a ela. E temos a muitos que nos amam sem medo.

Escrever-te, ou descrever-te, tornou-se fluido como água corrente. É fabuloso ver como conseguimos decifrar a alma com tanta facilidade e molda-la em palavras. Veja bem, aqui estou a dissertar-lhe e havia até mesmo esquecido do cigarro recém aceso. Lembra-se da primeira carta, de apresentação, de fato, um dos mais dolorosos textos de minha existência, e agora me vejo aqui com nervos a flor da pele, porém serena como flor.
Enfim, me estendo e a cinza já ameaça atingir o tapete.

Com ânsias de mais,

Teresa.