segunda-feira, março 06, 2006

Alteza,

Ah, a nossa conversa! De tão evitada e programada que fora se desfizera no momento que bati os olhos em ti. Todos os sentimentos enclausurados me vieram de supetão e palavras exageradas entre frases sem sentido foram usadas como válvula de escape. E, ao mesmo tempo, calei-me. Meu cérebro de imediato bloqueara aquela explosão de sensações pelo simples fato de que havia muitos a ouvir nossas fraquezas. Meus lamentos de repente foram para muitas direções levando às opiniões que ali não condiziam.
Por tais e outras circunstancias nossa conversa tivera apenas inicio e meio. O final feliz, a conclusão, a tão esperada moral da história ficara pendente e justo esse fato nos dá a chance de alongá-la, adicionar mais e mais entremeios, ou simplesmente, finalizá-la da melhor maneira possível.

Já a sinceridade que tenho para contigo, esta é o que me mantém sempre ao seu redor. Sinto-me verdadeira, real quando estou ao seu lado, disposta a enfrentar tudo e todos em meu e, principalmente, seu nome.

Mãos dadas, esse sim é o símbolo da verdadeira amizade. Ao mesmo tempo em que firmamos a companhia, contamos com o apoio provido por tal gesto. Reciprocidade completa.
Quanto ao perigo? Só posso lhe dizer que meu amor fora completo a partir daquele momento. Como poderia imaginar que atacariam Vossa Majestade?! E ver o contraste das faces, expressões de ódio enfrentavam o medo, era terrível. Porém, além de tal medo percebi que sua imponência ainda se fazia presente, não perdera nem por um segundo a altivez respectiva de um rei.
E mais repentino ainda, percebi que minha vida estava ali, interligada a sua, caso algo acontecesse a ti imediatamente morreria grande parte de mim. Não podereis imaginar o desespero que se instalara, apesar da expressão de puro e eterno choque. Ainda me sinto estática só de pensar que, de súbito podemos deixar de viver. A morte é cruel ao ponto de se fazer por mais de uma forma. Descobri aquela noite que podemos também morrer aos pedaços.

Peço-te desculpa por estar tantas vezes evasiva e um tanto distante. Mas venho descobrindo a vida como as águas de um rio. E, ao invés de deixá-la seguir seu curso, vou insistindo em tê-la nas mãos, seguro, agarro, e quanto mais aperto, mais perco. Portanto, vou trocando de mão para que tal continue a movimentar-se, mas ela insiste em se separar, a cada segundo uma gota cai e segue o rumo que uma vez fora designada a seguir. Tenho lutado muito por fazê-la parar e, se consigo, não sei mais o que fazer com ela.

Muito tenho dissertado também sobre o que esperamos da vida. Às vezes almejamos tão pouco que, uma vez realizado o sonho não sabemos mais em que depositar a esperança. Então, tudo que nos resta é fazer do sonho a vida. E nos perdemos na definição de realidade e fantasia, perdemos a multiplicidade e a vida fica simples, simples demais, a ponto de nos conformarmos em não entendê-la. E assim, esquecemos de tudo o que conquistamos. Perdemos o vazio e empobrecemos.

Venho, por meio desta, romper mais barreiras e cometer algo que há muito seria tido como crime por mim, pedir ajuda. Passo agora por uma fase em que tudo e nada acontece. Muitas revelações não tão agradáveis. Gestos desaprovados. Sentimento de solidão.
Eu, que sempre me orgulhei por me garantir sozinha, vejo agora que é muito para mim. Não dou conta de tanto. Mais uma vez tenho perdido a esperança no mundo. Mais uma vez vejo que as pessoas são capazes sim daquilo que imaginamos que elas sejam capazes. E as razões, os porquês, de nada adiantam.

Entre pensamentos e abraços,

Teresa.