terça-feira, fevereiro 21, 2006

Amado Rei,

Venho, por meio desta, reclamar sua presença perante o povo. Acredito quando dizes que o trabalho está árduo e cansativo, porém esquecestes que presente em seu próprio jardim há uma flor cuja principal função medicinal é a cura do cansaço e suas decorrentes dores n’alma?
Mãos hábeis também não hão de faltar-lhe. Estão a estender-te as mesmas horas a fio e, ouso dizer-lhe que um dia o braço cansa.


Ah sim, vivemos de amor. Mas não do jeito que estás vivendo. Te vejo, mesmo que de longe, doente, exaurido de tanto direcionar as forças por um foco único. As luzes que tinhas agora estão falhas, estás te tornando fosco. E o povo já se rebela com a ausência do Excelentíssimo Rei de Ouros.
Sendo assim, como vivemos de amor? Amor, alteza, é sentimento único de características próprias. Amor é vontade, vontade de ser e estar; Amar é sentir saudade, é pensar no outro; Amor é abraço, é sentir; Amar é , fundamentalmente, dividir.
Não estou sendo clara? Tudo bem, a minha lógica se baseia no princípio de que o amor é constante em nossa vida, já que se mostra da mesma forma em todos os tipos de relação com única e exclusiva condição: que alguém ame e outro seja amado.
Pronto, podem ser parentes, amigos ou amantes. O sentimento é sempre o mesmo.
Vamos à variável: a intensidade.Certas características do amor são proporcionalmente inversas derivante da forma de relacionamento que a ti fazem presentes. Difícil é perceber que características um tanto objetivas não invalidam àquelas ditas subjetivas.

Viva o amor, meu rei, viva com amor. Mas de todos seus amores. Não tente classifica-los, pois todos são um só. E assim, abra os olhos. O amor só é cego quando fechamos os olhos para suas outras faces, e, uma vez que nos recusamos a vê-lo, este se perde.
Não solte o piso do elevador, pois se tiverdes de se segurar apenas pelos braços, o peso aumenta.


Insisto que venhas me visitar, essa abordagem me parece, de muito, sucinta. Tenho sentimentos e palavras que teimam em me amargar solicitando liberdade. Teremos uma longa e dura conversa, com direito a lágrimas de raiva e riso, de tristeza e felicidade, teremos lágrimas de amor.

Teresa.