terça-feira, janeiro 17, 2006

Alteza,

Tenho, em uma redoma, enjaulada, encapsulada em minha mente uma singular palavra que uma vez compôs uma frase talvez de consolo, mas que muito me perturba o sono. Disseram-me que era ímpar. O ímpar é sobra, essencial, porém sobra.O ímpar, contraditório por si só, têm apenas duas formas de existência: ou se sustenta só, ou precisa viver atrelado a um par. Sendo assim, eis a árdua tarefa de decifrá-lo. Auto-suficiente ou Parasita? Ou os dois? Ou nenhum?
O ímpar, ao meu ver é aquele fadado à solidão até que se ache outro como ele, para que a junção de dois ímpares transforme-os em par, porém como achar algo que seja igual ao diferente? Pessoas ímpares, ao contrário dos números, não são capazes de dividir-se por nada realmente, acredito que, de tão inteiros que se apresentam, sejam realmente feitos de pedaços. Pedaços esses que roubam dos pares que uma vez os abrigaram.
Já não me restam dúvidas quanto a singularidade do ímpar mas muito me questiono se gosto ou não de ser descrita como tal.

Em resposta a seus pensamentos, fico feliz de que tenha acrescentado alguns passos em direção ao tortuoso caminho da vida. Passos esse que rumam para o engrandecimento de sua pessoa que de tanto caminhar, ainda lhe resta um longo caminho. E assim somos todos, quanto mais nos digamos maduros mais temos de aprender. Concordo quando dizes que crês em duas formas de crescimento, uma finita, outra não, porém interligadas ao ponto de basearem sua existência nessa ligação.
Também fiquei deveras aliviada ao saber que sua amada se prolongará mais por aqui. Sabes que tenho muito carinho por ela e mais ainda pelos dois. Mas hei de confessar-te que meus receios com relação à sua partida tenham sido, em parte, por proveito próprio (ainda duvido muito da existência do altruísmo). Sabes que ainda me recupero do cansaço que aflige a alma devido à tamanha carga emocional a mim depositada por outrem. Temi não poder ajudá-lo como mereces, temi um pouco mais que tamanha preocupação me atingisse de vez , deixando vossa majestade com uma base enfraquecida, temi não ter mais aonde depositar as esperanças, temi não aguentar ver-te com a expressão atenuada por lágrimas, temi que não tivessem realizado tudo que tinham de realizar, temi que tivesse acabado antes mesmo de começar, de recomeçar.
Mas isto são águas findas e tudo já volta a seus eixos. A tempestade já passara e a calmaria começa a se instalar. A mulher invisível que quase soterraste resolveu colorir-se. Vestirá trajes com cores de almodovar, cores de frida kahlo, cores. E apenas retornará a sua invisibilidade quando mais uma vez perceber que a sensibilidade alheia esteja diminuta ao ponto de vê-la desbotada.

Com congratulações e desejos de continuidade,

Teresa.

*Sim, piratas existem, e como existem. Sabe, acredito que temos o direito de ser o que quisermos. Ninguém ainda conseguiu provar que não vivemos nos sonhos. Quem sabe o que chamamos de sonho seja a realidade e vice-versa?!

*Se algum dia eu me perder, peço a ti que me procures com fotografias montadas espalhadas pelo reino.
*Se algum dia quiseres me encontrar, siga as setas azuis e encontrarás quem te apontes para onde poderás me ver.